O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, nascido em São Paulo (capital) fez pós-graduação em economia, administração e política no Brasil e nos Estados Unidos. Foi professor da USP e da UNICAMP, tem mais de 30 anos dedicados à agropecuária. Foi também presidente da CONAB e agora no ministério tem a oportunidade de dedicar sua experiência em benefício ao homem do campo.
Redação – Qual é um dos maiores desafios agrícolas no Brasil hoje?
Ministro - Eu acho que o país ter passado por uma revolução agrícola, ter conseguido estar entre as primeiras agriculturas do mundo e ainda não termos um sistema que realmente garanta renda ao produtor. Então, há uma certa contradição entre o enorme crescimento de produção e um produtor que muitas vezes tem dificuldade de cobrir seus custos e gerar um excedente para investir.
Redação – Cana-de-açúcar, um dos entraves do setor é de criar um estoque regulador. Isto é verdade?
Ministro - Este ano melhorou muito, nós conseguimos dois bilhões para financiamentos de estoque, com juros mais adequados. Quando há uma variação muito grande no preço do álcool cria-se um problema para fidelizar o consumidor, porque ele fica avaliando se é melhor colocar gasolina ou álcool no seu veículo, e em certo momento é coisa, depois já é outra, e isso cria, é claro, um mercado muito instável. Isso também gera distorções no país, porque nós somos uma grande região produtora, mas há outras regiões que são abastecidas por estas regiões produtoras, eles não produzem lá e por isso fica mais difícil para o sujeito se fixar no carro a álcool.
Redação – O fato da arroba ter subido de R$ 80/arroba para mais de R$ 100/arroba, isto implica em alguma coisa? O que?
Ministro - A agropecuária tem uma peculiaridade. Não é possível fazer preços tão baixos que desestimulem o produtor, porque se ele não ganhar dinheiro, não vai produzir. Então é preciso um preço bom para o produtor, mas ao mesmo tempo não podemos penalizar o consumidor, que é a população. Então o preço da arroba do boi é feito em grande parte em cima de erros do passado. Como se sacrificou um número imenso de matrizes e os pecuaristas estavam muito descapitalizados em uma certa época e eles tinham que fazer recursos, então o que aconteceu, eles venderam as fêmeas, as matrizes, com isso houve uma produção muito menor de bezerros e depois claro, de bois. Isso tudo gerou uma oferta contida, mas isso aconteceu muito mais gravemente na Argentina e em outros países do mundo inteiro. O Brasil é a maior pecuária de corte do mundo, cerca de 200 milhões de cabeças e somos os maiores exportadores de carne de boi, o que acontece é que este preço não é correspondente ao preço histórico, é um preço de demanda exagerada e oferta contida. Existe ainda uma diferença entre o avanço que a agricultura conseguiu e o avanço que a pecuária conseguiu. A pecuária tem uma utilização de pastos muito fracos, nós precisamos melhorar nossos pastos, através de correção de solo, de manejo, de adubação e para isso nós estamos criando programas específicos para recuperar, por exemplo, terras degradadas e reincorporá-las na produção, de modo a que aumentamos a relação cabeça por hectare. Nós temos uma baixíssima ocupação e com isso a oferta de bois acaba ficando pequena para o grande consumo. O povo está comendo carne, isso é um dado importante, e o mundo inteiro está comprando carne brasileira, outro dado importante.
Redação - A agropecuária no futuro, como será?
Fonte: http://www.ruralnewsms.com.br/?conteudo=Noticias¬i_id=15307