Maior importador mundial, país asiático eleva presença na cadeia produtiva do grão para garantir seu fornecimento
Colaboração: Profa. Dra. Erlaine Binotto - erlainebinotto@ufgd.edu.br
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios
Colaboração: Profa. Dra. Erlaine Binotto - erlainebinotto@ufgd.edu.br
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios
Iniciativas incluem investimentos em indústrias e portos; há contatos em andamento em ao menos 6 Estados
Sergio Lima/Folhapress
Sergio Lima/Folhapress
Comitiva chinesa da área agrícola da província de Hebei visita campos de pesquisade soja, milho e algodão em Goiás
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
FABIANO MAISONNAVE
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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO
Maior importador mundial de soja, a China promove uma ofensiva no Brasil para aumentar a presença na cadeia produtiva do grão por meio de acordos de exportação com agricultores locais, compras de terra e investimentos em indústrias.
Levantamento da Folha mostra que empresários chineses estão em contato com cooperativas e governos de ao menos seis Estados: Bahia, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Tocantins e Mato Grosso. Desses, três têm projetos em andamento.
O caso mais recente é o da estatal Chongqing Grain, na Bahia. Anunciado na China como um dos principais projetos de soja do país no ex- terior, prevê investimentos de R$ 4 bilhões para uma fábrica de beneficiamento, além de um porto seco e de silos para armazenar soja, que será comprada de produtores locais.
Outro grande acordo é o de Goiás. A estatal Sanhe Hopefull planeja investir R$ 12,2 bilhões nos próximos dez anos em agricultura e infraestrutura do Estado para garantir a compra direta de 6 milhões de toneladas de soja por ano -o equivalente a toda a produção local atual.
COMPRA DE TERRAS
Os dois casos não envolvem compra de fazendas. Com o endurecimento das regras para venda de terras a estrangeiros, no ano passado, os acordos de exportação surgem como uma alternativa para os chineses.
COMPRA DE TERRAS
Os dois casos não envolvem compra de fazendas. Com o endurecimento das regras para venda de terras a estrangeiros, no ano passado, os acordos de exportação surgem como uma alternativa para os chineses.
Antes da nova legislação, os chineses compraram áreas de plantio. Em 2007, a empresa Zhejiang Fu Di formou uma subsidiária brasileira -a Sol Agrícola- e adquiriu 16 mil hectares no Tocantins e outros mil hectares no Rio Grande do Sul.
Em Santa Catarina, outro grupo chinês planeja investir R$ 200 milhões no porto de São Francisco do Sul, para facilitar a exportação de soja. A parceria com produtores locais também é negociada.
Procurado, o Ministério da Agricultura, por meio do secretário de Relações Internacionais do Agronegócio, Célio Porto, informou que considera os acordos "importantes e louváveis".
Assim como nos investimentos bilionários em petróleo e minério de ferro feitos no Brasil em 2010, o objetivo da China é diminuir a vulnerabilidade a flutuações internacionais do preço da soja.
Trata-se dos três produtos mais exportados para a China -juntos, representam 92,9% do total vendido ao gigante asiático em 2010. Soja e óleo de soja somam 25,7%.
Por escrito, o Ministério do Comércio chinês disse que o objetivo dos investimentos na cadeia da soja é romper a intermediação de empresas americanas. "Se isso ocorrer, é favorável para o Brasil e para a China", diz a nota.